26 de jun. de 2014

Me emocionando ainda...

Ontem eu recebi um comentário em um post que me trouxe lágrimas aos olhos.  São por depoimentos como o abaixo  que me levam a continuar publicar, mesmo que esporadicamente, informações no blog.

Quase 3 anos após meus 2 AVCs, posso dizer que hoje, plenamente recuperada, ao ler alguns posts que escrevi, muitos deles com vários erros de português que, propositadamente deixo, me emociono ainda com a minha história.  Para os que estavam ao meu lado à época sabem o quão foi difícil trilhar cada passo nessa minha recuperação, que ainda teve uma recidiva de um câncer no meio de tudo, com muitas sessões de radio e quimioterapia, e que me levou de volta à UTI para mais uns dias depois de passar por uma cirurgia bem delicada.

Mais uma vez agradeço a todos o apoio que tive durante essa minha pequena GRANDE luta. 

Fácil nunca foi, mas eu consegui!

Obs.:
Pedi autorização para a Eliane para publicar, na íntegra, o que ela me escreveu.  Segue abaixo seu comentário, que virou um novo post no blog:



"Prezada Adriana,
É impossível ler seus posts e não derramar lágrimas.
Eu, minha mami e minhas irmãs estamos passando por este momento delicado com nosso papi.
Meu querido e muito amado papai teve um AVC isquêmico trombótico na última sexta, dia 20/06/2014. Ele sempre levou uma vida saudável. Mas seu organismo é acometido de uma doença chamada aterosclerose.
Desde 2004, já foram dois enfartes e dois AVCs, os quais foram transitórios e não deixaram sequelas perceptíveis.
Porém, o terceiro AVC veio para desestruturar toda nossa família. Todo lado direito dele está paralisado embora, algumas vezes, ele perceba que estamos mexendo em sua mão ou perna. O risco de um novo AVC existe, já que ainda há um coágulo na carótida esquerda que pode se soltar. Mas estamos confiantes, pois dentro de 4 semanas, se tudo correr bem, um novo procedimento eliminará de vez esta probabilidade.
Hoje, ler seu blog e suas experiências, me ajudou bastante neste momento de sofrimento. Ver que uma pessoa que você ama, que era plenamente ativa, pode ficar limitada dói. É uma dor infinitamente grande, que não dá para descrever. Além da dor para a pessoa que sofre o AVC, todos aqueles que a amam ficam chocados, sensíveis e abalados.
Assim como sua sugestão em um de seus posts, estou também buscando informações e relatos de pessoas como você, que superaram o problema e hoje levam uma vida normal.
Eu não tenho como lhe agradecer pelas coisas que escreve em seu blog. Não tenho palavras para descrever a paz que sinto agora ao ler suas mensagens de força, de garra, de amor pela vida.
O alcance da luz dos teus relatos é infinito e maravilhoso!!!!!
Parabéns! Luz, sucesso e muita, muita, muita saúde para que você continue acalentando, mesmo que longe, sem perceber e sem conhecer, pessoas que precisam de tua energia positiva.
Diferente do seu caso, eu e minhas irmãs faremos um histórico da evolução dele (pois agora tenho certeza de que evoluirá), para que outras pessoas não desistam de lutar.
Beijos mil
Eliane Capra"

2 de abr. de 2014

Força para L!

Recentemente fiquei impressionada com o alcance do meu blog.


Comecei a escrever esse blog como um forma de terapia ocupacional e emocional na minha época de reabilitação e como passar a minha recuperação para outros pacientes, familiares, amigos, que estejam com alguém nessa situação, que tenham esperança na recuperação.

Uma família do Sul entrou em contato comigo, pois uma irmã/esposa/amiga teve um AVC de tronco assim como eu.  Todos muito envolvidos, como não pode ser diferente numa situação dessas, preocupados com o estado de L (voltei às minhas iniciais), mas, ao ler meu relato no blog, tiveram a esperança deles reacendida.

Muitas vezes não tenho a real noção de como posso ajudar as pessoas.  Sei que sou um exemplo de reabilitação, um milagre vivo, mas continuo sendo uma pessoa de coração simples, que acredita sempre num mundo melhor, e que muitas vezes não tem noção de como ajudo quem não conheço.  Acho que aqui entra aquele velho lema:  Fazer o bem, não importa a quem.

A sensação que tenho depois que falei com a família de L é que, depois que falaram comigo, reencontraram aquele fiozinho de esperança para lutar junto com ela nessa batalha que está apenas começando.

Comentei que essa batalha não vai ser fácil nem curta, mas que existe a possibilidade de achar as armas para enfrentar essa guerra de uma forma mais digna, mais eficiente.

Lamentei não ter registros de vídeo para mostrar a eles como eu estava, e como estou hoje... Tenho certeza que muitas pessoas que me conheceram depois da minha recuperação, não conseguem ter noção de como fiquei naquela época.  Sim, não tenho registros.  Não queria me ver como estava, mas sim imaginar que ficaria novamente boa.  Hoje eu lamento isso.  Antes tivesse pedido a minha irmã para gravar videos escondidos de mim...  Mas não o fiz. Paciência.

Estou aqui torcendo pela plena recuperação de L.  Ela é uma pessoa muito amada, e o que não vai faltar motivos para que ela desista dessa luta!

Sei que a família vai mostrar a ela esse meu post.

L, TÔ AQUI, DIRETO DO PLANALTO CENTRAL, TORCENDO POR VOCÊ!!!!  VOCÊ VAI FICAR BOA!

Um beijo a todos

10 de fev. de 2014

Um recadinho importante

Pessoal,  queria deixar claro aqui o meu objetivo ao escrever esse blog, que possui um alcance fora do meu controle. Todo tipo de pessoa pode ler, para tentar se informar sobre qualquer tipo de avc.

É sobre isso que gostaria de me explicar.  Em muitos posts que escrevi anteriormente, sempre destaco que "CADA AVC, É UM AVC".  Tento deixar isso o mais claro possível para as pessoas que aqui vêm em busca de um alento à uma situação pela qual, que na maior parte das vezes (concluo isso pelos comentários que recebo), é um familiar ou amigo que está passando.

Coloco aqui a minha experiência, situações pelas quais passei e tratamentos a que fui, e que sou ainda hoje, submetida.  Longe de mim de querer dar falsas esperanças.  O relato é pessoal.  Busco sempre ser muito responsável com as informações que aqui coloco.  Não divulgo nomes de remédios (isso é assunto sério para ser tratado direto com o médico), nem comento tratamentos que, por acaso, não deram certo pra mim.  O que é bom pra mim, não necessariamente é bom para outra pessoa.

Mas mesmo assim acho importante o meu ponto de vista para os outros.  Sim, mostrar que apesar de um caso grave, ainda podemos ter esperança.  O meu caso foi MUITO grave, mas consegui, com muito trabalho, dedicação e persistência, ficar zerada.  O meu estado hoje não diminui o quadro pelo qual passei.  Passei um bom tempo até recuperar minha independência.  Nada aconteceu de uma hora pra outra.  Algumas pessoas podem ter essa impressão, mas garanto que não foi assim.

Acordar como acordei do 2o. AVC, deixou todo mundo de cabelo em pé.  Não falar, não mexer nada, nem engolir... Situação preocupante, sem dúvida.  Quase passei por uma traqueostomia, pois também tinha dificuldade de respirar.  Ou seja, o quadro que passei há 2 anos e 1/2 não foi muito fácil não.

Nem por isso, deixei de focar na minha recuperação.  Sim, foquei muito.  E até hoje quero melhorar.  E vou.

A vida da gente é movida por objetivos, obstáculos sempre vão aparecer.  Mas como esse são inevitáveis, o que interessa é passar por eles da maneira mais nobre possível.

O quadro de um paciente AVC é muito delicado.  Muitas funções ficam comprometidas.  A independência das pessoas vai por ralo abaixo de uma hora pra outra.  Isso acaba desenvolvendo um quadro depressivo em muitos pacientes.  Conversem com o neurologista responsável, para ver se é o caso de entrar com uma medicação.  Eu tomei, não tomo mais.  Não sei se foi a pílula da alegria que manteve meu foco, mas em tenho certeza que lá no fundo da minha pessoa, eu tinha o foco muito bem definido.

Não devemos ter vergonha de precisar de algumas "muletas" durante o tempo que for necessário.  O baque pelo qual passamos é GIGANTE, ninguém que não passou por isso consegue mensurar o que é.

Continuarei a passar informações de forma muito responsável.  O objetivo desse blog é passar esperança para as pessoas.  O mundo em que vivemos é demasiado pesado.  Passando por um quadro desse, é pior ainda.  Então aqui ficam meus posts contando a minha história.  Com um final feliz, sim!  E que podemos manter o otimismo mesmo num momento tão difícil!

Boa recuperação a todos!  E muita força!  Porque é disso que precisamos!


18 de jan. de 2014

Objetivo do ano

Acredito que devemos ter sempre metas definidas quando o ano se inicia.  Só o ato de pensar na meta, já começa a mobilizar a gente por dentro a fim de alcançá-la.  Escreva para não esquecer, e sempre que lembrar abra aquele arquivo para se recordar...  Você vai se surpreender com algumas metas que foram simplesmente esquecidas ao longo do ano.

Para mim não é diferente.  E como esse blog trata da minha superação dos meus AVCs, a minha meta física é correr.  Nunca corri na minha vida.  Digo, nunca corri daquele tipo de participar de competições.  Arriscava aqui e acolá uma corridinha na esteira, na academia.  Mas depois do AVC, nada.

Tô falando de qualquer tipo de corrida.  Digo para os amigos, que se alguém gritar "pega ladrão!", todo mundo vai correr, menos eu.  Para não correr o risco de me arrebentar, vou ficar bem quietinha! Aliás, não consigo mesmo correr.  Mas conversando com a minha fisio, comentei isso.  Disse a ela que ia tentar correr.  Ela, como sempre, me incentivou.

Vou tomar coragem e ver, num dia que esteja me sentindo segura, dar uma arriscada num esteira, daquelas bem escondidas (porque, afinal de contas, não quero para "mico" na academia), e ver como me saí.  Tentar um minutinho, 30 segundos se for o caso, mas TENTAR.  Tenho que ver como estou, como o meu corpo reage.  A esteira me daixa mais segura, porque ao tentar correr, lógico que vou me apoiar.  Não vou sair simplesmente correndo que nem uma louca desvairada!  Depois eu vejo se dá para ser mais ousada e me soltarei aos poucos...

Tentar coisas novas, desafiar os nossos limites (dentro de um bom-senso).  Quero ver como vou me sair.  Para isso, tenho que tentar. Não faço a mínima idéia do que vai acontecer, mas vou tentar.  Meu lado direito ainda apresenta uma fraqueza, uma falta de conseguir levantar a perna no mesmo nível que a esquerda.  Longe de comprometer minha caminhada, mas correr ainda é um desafio.

Mas vou tentar. E volto aqui depois para contar para vocês como foi essa experiência.  O importante é a intenção, e se mobilizar para tanto.