9 de jun. de 2013

Superação - sempre!

Desde bem do início de minha recuperação, sem ter conhecimento de minhas limitações ou não, defini bem claramente que iria ficar boa.

Sem movimentos, sem a fala estar boa, desde então tinha na minha cabeça que eu tinha que ficar boa.  Me lembro que até acontecer pra mim, um AVC era meio que uma caixa preta que não havia sido mexida.  Simplesmente, por não ter tido ninguém próximo a mim, ou mesmo meio distante, que tivesse passado por tal experiência. 

Acredito que tal ignorância minha por um lado foi positiva.  Não criei "muros" para a minha reabilitação.  Não procurava saber com que seqüelas quem já havia passado por isso tinha ficado.  Ao contrário, procurava sempre exemplos de recuperações exemplares.  Que levassem meses, ou mesmo anos, uma pessoa sem sequelas era no que eu focava minha recuperação.

Um dos primeiros "encontros" que tive com alguém vítima de um AVC, foi por um vídeo no Youtube, de Jill Taylor.  Já mencionei ela aqui no blog algumas vezes, mas volta e meia a imagem dela me vem à cabeça.  Estava vendo ali, em pé, frente a uma platéia, uma pessoa que tinha passado por aquilo que eu estava passando, e que, milagrosamente (agora, depois de toda minha reabilitação, sei que não é apenas uma questão de milagre, e sim de muita dedicação à reabilitação), estava ali, em pé, de frente para centenas de pessoas, não só com seus movimentos perfeitos, mas com uma fala desenrolada.  Isso me inspirou.  E muito!

Penso que posso definir meu ânimo pós-AVC antes da Jill (aJ), e depois da Jill (dJ).  Vi sim que uma recuperação plena era possível.  Mas que eu teria que correr muito atrás!  Nada de ficar deitada na cama, calada, esperando que minha fala e meus movimentos voltassem de uma hora pra outra.  Comprei o seu livro sobre a cura do cérebro e fui atrás da minha recuperação.

Sei que cada AVC é um AVC, mas temos que ter foco, sempre!  Estou normal, 100%, para a maioria das pessoas. Mas para mim, tenho ainda que corrigir algumas coisas.  E estou tentando ainda.  Longe de pensar que minha recuperação se deu por completa.  Ainda tenho muito a trilhar. 

No caso da Jill, foram, segundo ela, 8 anos de luta para ela estar bem.  Quem sou para achar que depois de praticamente 2 anos estaria bem?  Estou muito bem, obrigada!  Mas vou ainda correr atrás do prejuízo, e tentar minimizar a quase zero as seqüelas.


Minhas atuais seqüelas (quais???? - muitos amigos estarão me perguntando) são mínimas, mas existem.  Hoje rio da maior parte delas, mas é um riso com respeito, com reconhecimento da limitação, e o mais importante ainda, rio para me lembrar que dessas seqüelas ainda quero superar!